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Por uma cultura como desenvolvimento sustentável

Guilherme Costa*





Para as Nações Unidas, 2020 marca o início da Década da Ação. Trata-se de um chamamento para governos, sociedade civil, organizações e cidadãos a agirem em prol da Agenda 2030. Trata-se de um plano de ações para pessoas, governos, empresas, academia e sociedade que busca fortalecer a paz mundial. São objetivos e metas para que cada país busque erradicar a pobreza e promover uma vida digna para todos dentro dos limites sustentáveis. O lema da Agenda 2030 é "não deixar ninguém para trás".

Dentro deste plano, estão os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas. Eles são o núcleo da Agenda, integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental. E onde entra o aspecto cultural? “A cultura é geradora de desenvolvimento”, afirma, enfaticamente, a pesquisadora e professora da Universidade Estadual do Ceará, além de diretora do Observatório de Fortaleza, Cláudia Leitão. Ela participou, no último dia 16 de novembro, da mesa de abertura do I Congresso Ibero-americano Interdisciplinar de Economia Criativa, promovido e realizado pela ESPM Rio.

Em uma mesa que discutiu economia criativa e desenvolvimento a partir de uma abordagem interdisciplinar, Cláudia argumentou que é preciso ir além de refletir a cultura no desenvolvimento sustentável, ou para este, mas sim pensar a cultura como desenvolvimento sustentável. “É ir além de editais de fomento, de enxergar a cultura como produto e focar no processo, matriz de transformação e fundamento para a construção de novas epistemologias, outros modos de pensar, de ser e agir no mundo”, propõe.

No entendimento da pesquisadora, ao reduzir a cultura aos setores artísticos e produções culturais, ela acaba por se desconectar de outros temas sociais e planetários. Um caminho seria entendê-la como mediadora entre os diversos grupos sociais, seus valores e formas de viver, o que já se alinha ao lema da Agenda 2030 e com a proclamação de interdependência, nas palavras do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que afirmou que “a Agenda 2030 é a nossa Declaração Global de Interdependência”.

Contudo, Cláudia propõe ir além. “O território é criativo quando as pessoas podem se manifestar de maneira criativa. Quando são protagonistas”, argumenta. E isto, segundo a pesquisadora, se concretiza nos municípios, pois são eles os espaços para o desenvolvimento da economia criativa, por meios de políticas públicas que se comprometam com a governança territorial, capaz de fazer dos cidadãos, agentes do seu próprio desenvolvimento.

Segundo afirma, as “políticas para a economia criativa precisam responder não somente às necessidades econômicas, mas também às demandas especiais das comunidades locais, relacionadas à educação, identidade cultural, desigualdades sociais e questões ambientais”. E estas políticas, ela argumenta, se dão principalmente na escala municipal. Contudo, reforça que os governos municipais precisam ir além de meros proponentes de candidaturas para o alcance de uma chancela de cidade criativa, mas apostar em plano de desenvolvimento sustentável a partir da cultura.

A gravação da mesa “Economia Criativa e Desenvolvimento: Uma Abordagem Interdisciplinar”, do I Congresso Ibero-americano Interdisciplinar de Economia Criativa, promovido pela ESPM Rio, está disponível aqui.


* Guilherme Costa é docente da ESPM Rio e integra a equipe de Comunicação do cRio.

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