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Covid-19: as oportunidades em meio ao caos

Atualizado: 12 de jun. de 2020

Roberta Costa Marques*



Além de profundas mudanças em nossas vidas, a pandemia que estamos vivendo traz uma série de desafios para a saúde pública que só serão superados em coletivamente, seguindo as orientações de cientistas e do próprio setor público da saúde. Para organizações que atuam em conjunto com os gestores públicos nessa área, o momento é um misto de dificuldades e oportunidades.


Por um lado, está bem mais complicado trabalhar por causas que não a Covid-19, quando precisamos lidar com os impactos diários da pandemia no sistema de saúde e na vida das famílias. Por outro lado, nunca se falou tanto em saúde pública, na importância da vigilância epidemiológica, na infraestrutura hospitalar, na formação e contratação de profissionais de saúde, na prevenção, entre muitos outros temas antes passados ao largo nas discussões do público em geral, na mídia e nas redes sociais.


O Instituto Desiderata, que atua há 16 anos no Rio de Janeiro em benefício da saúde das crianças e adolescentes, está fazendo a sua parte. Reorganizamos nossas atividades para fortalecer o sistema de saúde no atual cenário e, ao mesmo tempo, repensamos nossas ações na área de oncologia pediátrica e obesidade infantil.




Na prática, aproveitamos nossa experiência em articulação com a gestão pública e hospitais para integrar o movimento União Rio, que reúne esforços e recursos para fortalecer a saúde pública do Rio de Janeiro e enfrentar os desafios trazidos pelo novo coronavírus. O movimento está focado em três frentes: ativação de leitos de UTI em hospitais voltados para o atendimento de casos graves da doença, aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais da saúde e apoio a comunidades, com distribuição de alimentos e produtos de higiene e limpeza.


Nesse cenário, não poderíamos deixar de lado crianças e adolescentes com doenças crônicas e que estão em tratamento. Ainda que não sejam os principais afetados pelo vírus, são extremamente vulneráveis à doença e uma enorme parte de nossa preocupação se volta naturalmente para eles. Por isso, mobilizamos pessoas físicas e jurídicas para doar equipamentos de proteção para profissionais que atendem os pequenos pacientes e criamos uma seção em nosso site para reunir conteúdos relevantes para cuidadores e profissionais, relacionando câncer infantil ou obesidade infantil e a Covid-19.


Nossos cursos de capacitação de profissionais de saúde para detecção precoce do câncer estão sendo reorganizados em uma plataforma virtual que estará, em breve, disponível para uso de toda a equipe multiprofissional da estratégia saúde da família. Investir nesta modalidade educacional não é algo novo, mas se faz cada vez mais necessário e também significa a oportunidade de ampliar nosso alcance em termos geográficos e temáticos, podendo incluir outros cursos destinados à saúde da criança.


A obesidade infantil também ganha relevância nesse contexto, por se tratar de um fator de risco, agora, também para a Covid-19. Antes, a condição já despertava preocupação antes de ser anunciada como um fator de risco, uma vez que está associada a doenças respiratórias e coronárias, diabetes e câncer, todas na lista de fatores de risco para a doença desde o início da pandemia. A preocupação com a alimentação em tempos de quarentena também abre espaço para discutirmos a qualidade dos alimentos consumidos pelas crianças e lançarmos luz sobre a urgência das ações de prevenção, que têm pouca atenção dos governantes, por serem invisíveis no curto prazo.


Mesmo com total consciência da dificuldade que é ter uma nova rotina imposta e quão dolorosa a pandemia tem sido para milhares de famílias, esperamos que os desafios enfrentados hoje apontem também um novo lugar para a saúde pública em nossas vidas como cidadãos e como sociedade.


*Diretora executiva do Instituto Desiderata

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