Fernando Blower*
O momento atual é de grande seriedade e deve ser tratado como tal. O setor de bares e restaurantes, que representa mais de 10 mil estabelecimentos na cidade e cerca de 110 mil empregos, foi afetado drasticamente com a crise advinda da pandemia causada pelo coronavírus. Já é possível afirmar que 80% dos estabelecimentos perderam entre 50% a 100% do faturamento desde o início do isolamento social. É importante, também, frisar que o setor já atravessava uma crise econômica nos últimos três anos e isso exclui a possibilidade de que os estabelecimentos tivessem capital suficiente para atravessar a crise diante da não operação ou drástica redução de faturamento.
Uma das primeiras batalhas que travamos no SindRio foi para que fosse mantida a abertura dos estabelecimentos, mesmo que de forma reduzida. Após reuniões e debates com os órgãos públicos conseguimos manter a abertura dos salões com 30% da capacidade e, após novo decreto que pedia o fechamento, conseguimos manter a operação de delivery, takeaway e drive-thru. O delivery, por sua vez, é um oxigênio para a sobrevivência desses negócios, mas não é capaz de cobrir todos os custos. Ele representa em geral 20% do faturamento, o que não é suficiente para manter funcionários e contas em dia.
Outra grande mobilização foi direcionada para firmar aditivos emergenciais de acordos coletivos com sindicatos laborais (Sigabam, SindiRefeições e SindiHoteleiro). Fomos a primeira categoria do Brasil a fazer tais acordos e possibilitar a flexibilização de regras trabalhistas para férias, parcelamento de rescisão, férias coletivas, uma série de coisas.
É muito importante que haja a atuação do Governo Federal em duas frentes. A primeira frente relativa aos salários e manutenção de empregos foi alcançada através da MP dos Salários, que possibilitou a realização de mudanças como reduções de jornada e salário ou mesmo a suspensão de contratos de trabalho. Por outro lado, o crédito emergencial é fundamental para que as empresas possam dar conta das suas obrigações mais básicas.
Pelo SindRio também batalhamos em outras frentes com a busca por parcerias comerciais com condições especiais. Assim, buscamos players do mercado do delivery para oferecer taxas e prazos melhores de operação. Estamos disponibilizando em nosso site e redes sociais, diariamente, todos os decretos, acordos e parcerias para que nosso público possa estar munido de informações seguras e assim tomar as melhores decisões dentro do atual cenário. Nossa equipe também está trabalhando em sistema de plantão para oferecer assessoria jurídica e todo atendimento necessário.
A recuperação difícil e deixará marcas. Sem ajuda não será possível. O restaurante é a ponta de uma cadeia muito mais extensa, e essa cadeia toda está sendo muito prejudicada. Precisamos, mais do nunca, estar unidos para atravessar este momento e manter viva a gastronomia carioca.
*Presidente do SindRio, sócio do Meza Bar
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