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Uma agenda para cidades mais resilientes, inclusivas e sustentáveis

Guilherme Costa*



Atualmente, 3,5 bilhões de pessoas, o que corresponde a metade da população mundial, vivem em cidades. Nos próximos anos, a estimativa das Nações Unidas é que este número continue a subir, alcançando 60% da população do mundo em 2030, e 70% até 2050. A rápida urbanização torna as cidades centro dos debates sobre o desenvolvimento sustentável para assegurar um futuro com equidade e justiça social a todos os cidadãos do mundo.


Neste momento de pandemia, por exemplo, 90% dos casos registrados globalmente, segundo as Nações Unidas, estão nas cidades. “Com a pandemia, percebemos que os padrões de iniquidade já existentes foram exacerbados e nas cidades isso foi de uma magnitude muito elevada, com aumento grande da pobreza extrema”, destaca o ex-presidente da Fiocruz e coordenador da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, Paulo Gadelha. Ele participou do Fórum ESPM Fiocruz UNFPA para Agenda 2030 (Fórum 2030), realizado no último dia 10 de dezembro.


O evento contou também com a participação do vice-presidente acadêmico da ESPM, Alexandre Gracioso, da representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), no Brasil, Junia Quiroga, e do diretor executivo do Pacto Global, Carlo Pereira, e teve o tema das cidades sustentáveis como gerador do debate sobre a Agenda 2030 e sua meta de “não deixar ninguém para trás”.


Dentre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável previstos na Agenda 2030, o ODS de número 11 propõe tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis até 2030, o que não será possível, segundo Junia Quiroga, do UNFPA, se não se pensar na capacidade de inclusão das pessoas nos espaços urbanos. “No processo de urbanização vivido no país, quem a cidade acolhe e quem ela inclui à margem? Quem está segregado socioespacialmente? É preciso pensarmos como é que a cidade é capaz de incluir as pessoas, e questionarmos como é que a gente é capaz de prover o direito e assegurar o exercício livre e seguro desse direito”, reforça.


Para Carlo Pereira, do Pacto Global, “a gente só vai conseguir ter uma cidade sustentável quando a gente conseguir superar essas desigualdades no Brasil”. Ele lembra que somos a nona maior economia do mundo, porém o sexto país com maior desigualdade de renda. E ao considerar o ambiente corporativo, destaca que mulheres e negros não acessam posições de liderança. Pereira apresenta dados que mostram que as mulheres ocupam apenas 16% das vagas em posições executivas e os negros menos de 10%. “E quando consideramos mulheres negras, esse número é de apenas 0,4%”, enfatiza destacando o machismo e o racismo estruturais no país.


Ao abordar o tema das cidades sustentáveis, a ONU destaca ainda a necessidade de fortalecimento de esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo. E também proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, em particular para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência.


Para isto, é preciso um olhar interdisciplinar para pensar as cidades como palco de transformação social, cultural, ambiental e econômica, garantindo o desenvolvimento de inovações e políticas que assegurem um futuro em que todas as pessoas tenham direitos e acesso equitativos aos benefícios e oportunidades que as cidades podem oferecer.


Este processo exige profissionais com outras competências que vão além das capacidades técnicas, como pensamento sistêmico, entender cenários, valores, estratégia, lideranças e trabalho em equipe, pensamento crítico, autoconhecimento, resolução de problemas. O tema foi abordado no Fórum 2030 pelo vice-presidente acadêmico da ESPM, Alexandre Gracioso, tomando por base o documento “Educação para os ODS: objetivos de aprendizagem”, organizado pela UNESCO.


Para Gracioso, o desenvolvimento destas novas competências humanas, que ajudam no desenvolvimento do comportamento e nos relacionamentos, está alinhado ao que se espera da educação neste momento. “A sociedade não vê o papel da educação atual como conteudista, já superamos. É preciso trabalhar para desenvolver as competências que poderão assegurar uma sociedade mais justa, sem que ninguém seja deixado para trás”, destaca.


Plataforma Palco 2030

O Fórum 2030, realizado pela ESPM, Fiocruz e UNFPA, também apresentou a proposta de criação de uma plataforma de soluções sociais alinhadas à agenda. O objetivo é criar um hub de conteúdo, conhecimento, projetos e programas sociais alinhados à Agenda 2030 com curadoria da ESPM, Fiocruz e UNFPA.


De acordo com o diretor acadêmico da ESPM Rio, Eduardo Ariel, “ criar um espaço para debate onde a gente possa pensar, repensar, mudar nossos conceitos acerca das cidades sustentáveis requer diversidade. O sentido de não deixar ninguém para trás, da Agenda 2030, é fundamental e a internet pode ser um meio, como um canal, como uma rede”. Ao apresentar a Plataforma Palco 2030, Ariel também destacou os quatro pilares para a construção desta rede, que seriam as pessoas e projetos, o ecossistema informacional, as temáticas e os indicadores. O lançamento previsto da plataforma é para o segundo semestre do próximo ano.


Já para o primeiro semestre de 2021, está prevista a abertura de uma chamada de projetos, encabeçada pela Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, que apoiará o desenvolvimento de projetos que articulem a pesquisa acadêmica e a intervenção social nos territórios. Para saber mais, basta acompanhar as redes sociais da ESPM, incluindo o perfil do cRio no Instagram (@crioespm), da Fiocruz e do UNFPA.


*Guilherme Costa é docente da ESPM Rio e integra a equipe de comunicação do cRio.


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